Porto Velho enfrenta uma realidade alarmante quando o assunto é infraestrutura básica. Apesar de ser uma capital brasileira em constante crescimento populacional e econômico, os serviços essenciais não acompanharam esse ritmo, especialmente no que se refere ao acesso a água tratada e ao destino correto do esgoto doméstico. Essa disparidade entre desenvolvimento urbano e qualidade de vida impacta diretamente a saúde pública e o bem-estar da população que convive diariamente com a precariedade dos serviços.
Nos bairros periféricos, a ausência de investimentos em obras estruturantes é ainda mais evidente. Muitas comunidades convivem com fossas improvisadas, esgotos a céu aberto e ausência de redes de água potável. A exposição constante a essas condições cria um ambiente propício para a proliferação de doenças e demonstra o quanto a capital ainda caminha lentamente para garantir direitos básicos à sua população. A situação, muitas vezes, ultrapassa a esfera da negligência e revela um cenário de abandono histórico.
Especialistas apontam que a deficiência no setor não se trata apenas de um problema de gestão atual, mas sim de uma herança acumulada ao longo de décadas. Faltaram políticas públicas duradouras, planejamento urbano efetivo e compromisso contínuo com a melhoria das condições de vida. O resultado é uma capital que, mesmo em pleno século XXI, ainda sofre com indicadores que deveriam estar superados há muito tempo. A inércia política tem custado caro à cidade e, principalmente, à população mais vulnerável.
Além dos prejuízos à saúde da população, há também um impacto significativo no meio ambiente. A falta de tratamento adequado do esgoto e o descarte irregular de resíduos sólidos comprometem rios e igarapés da região, agravando ainda mais o problema. Esse descaso também afeta a economia local, já que a degradação ambiental reduz o potencial turístico e aumenta os custos com saúde pública. A interdependência entre esses setores torna ainda mais urgente a necessidade de soluções integradas e eficazes.
Para mudar esse cenário, é preciso muito mais do que promessas de campanha ou ações pontuais. O avanço na universalização do saneamento depende de planejamento a longo prazo, investimentos consistentes e parcerias estratégicas entre poder público, iniciativa privada e organizações da sociedade civil. A capital precisa sair da posição de destaque negativo e caminhar em direção a soluções reais, com projetos que atendam tanto áreas centrais quanto regiões mais afastadas.
A população também desempenha um papel fundamental nesse processo, por meio da mobilização social e da cobrança por políticas públicas efetivas. A conscientização sobre os direitos relacionados à saúde e à qualidade de vida pode impulsionar mudanças estruturais, pressionando os governantes a saírem da inércia. Porto Velho precisa romper o ciclo de abandono que se perpetua há anos e colocar o bem-estar coletivo como prioridade nas decisões administrativas.
O atraso nos serviços essenciais reflete uma desigualdade profunda que atinge diretamente milhares de famílias. A dignidade da população está atrelada ao acesso a condições mínimas de saneamento e infraestrutura. Por isso, é fundamental que o tema seja tratado com seriedade, transparência e, acima de tudo, urgência. A transformação da capital em um lugar mais justo e saudável só será possível com responsabilidade política e compromisso social.
Porto Velho, com sua história rica e potencial de desenvolvimento, merece muito mais do que os piores índices do país. É hora de resgatar a dignidade de sua população e investir em um futuro onde todos tenham acesso ao básico. A mudança começa com vontade política, planejamento estratégico e envolvimento da sociedade em cada etapa do processo. O tempo da omissão já passou, e o momento de agir é agora.
Autor : Amphetrion Farona